Estas são algumas palavras do Bruce Springsteen sobre "Nebraska", o álbum que lançou em 1982. Dentro da discografia dele, nem é dos álbuns que ouço mais apesar de gostar de todo o ambiente, da(s) história(s) que está(estão) por trás do mesmo e até do facto curioso de ter sido gravado no dia a seguir ao meu nascimento. Para além disso, em 1982 ele tinha mais ou menos a idade que eu tenho hoje.
At the time, that was my most personal record. It was a record that felt most like my childhood. It reminded me of the way my childhood felt. (...). I reached a point where I was old enough now to realize what was missing (...). I felt a deep, deep sense of isolation. Very difficult to get in and became very, very intense around that time and I think that led me to those characters and to those kind of stories.
When you get old, the price for not sorting through the issues that make up your emotional life and the choices you're making, doesn't stay the same. It gets higher all the time (...). The older you get, the price goes up and it keeps getting higher and higher and you pay more on a daily basis from not coming to grips with some of those things. At that point I was at a place where I could really feel that price and I just felt too disconnected.
O "Nebraska" é um álbum completamente despido. Gravado em casa, sem as condições de um estúdio de gravação e sem a intenção, nessa altura, de ser lançado naquele formato.
Esta é uma faceta diferente do Bruce Springsteen, diversa daquelas que se podem ouvir nos cinco primeiros álbuns. Aqui ele é muito mais sombrio e cru. Nota-se uma escuridão que, por vezes, ganha contornos assustadores. Histórias de violência, crime, pessoas para quem a vida foi madrasta lado a lado com histórias autobiográficas que apesar de menos chocantes, também carregam um enorme peso. E em todas aquele tom melancólico, assombrado... A voz por vezes sumida, outras vezes acompanhada de gritos de loucura. Há pouco espaço para qualquer luz ou redenção. A desolação é profunda...
You don’t have to be a Springsteen scholar to know that redemption and salvation are two of his most common themes. Redemption comes in the form of a car, a girl, a killer sax solo. He preaches salvation through a song, a river, or a sunny day at the shore. On Nebraska, even death can’t bring deliverance. Probably my favorite line on the whole record comes on the title track, when his fictionalized Starkweather character is sentenced to death. He tell us, “They declared me unfit to live/ said into that great void my soul be hurled.” (If there’s a better metaphor for death, I haven’t heard it.) This person isn’t even going to hell. His soul is doomed to drift about in this “great void” for all eternity. The worst part is, he doesn’t even care because at the end of it all, “I guess there’s just a meanness in this world.”
Bryant Kitching
Tratando-se de música, é claro que está tudo em aberto para interpretações e há quem veja vários momentos de salvação e de resiliência neste álbum mas eu prefiro recorrer a outros álbuns do Bruce Springsteen para encontrar esses sentimentos. Para mim o "Nebraska" é aquele sítio escuro, repleto de melancolia e muitas vezes maldito que quero que se mantenha assim.
Há coisas que só conseguimos exorcizar através das experiências e arte dos outros, o "Nebraska" representa isso para mim.
The concluding lines of virtually every song described the same spirit-crushing vision of life: "There's just a meanness in this world"; "Let'em shave off my hair and put me on that execution line"; "I met this guy and I'm gonna do a little favor for him"; "Hey ho, rock' n' roll, deliver me from nowhere"; "Shining 'cross this dark highway where our sins lie unatoned".
Peter Ames Carlin, "Bruce".