O título baseia-se em teorias bastante complexas de Drunvalo Melchizedek e Bob Frissell sobre o número de cromossomas existentes no ser humano. De acordo com uma entrevista feita ao primeiro:
There are three totally different kinds of humans on the Earth, meaning that they perceive the One reality in three different ways, interpreted differently. The first kind of human has a chromosome composition of 42+2. They comprise a unity consciousness that does not see anything outside themselves as being separate from themselves. To them, there is only one energy - one life, one beingness that moves everywhere. Anything happening anywhere is within them, as well. They are like cells in the body. They are all connected to a single consciousness that moves through all of them. These are the aboriginals in Australia. There might be a few African tribes left like this. Then, there is our level, comprising 44+2 chromosomes. We are a disharmonic level of consciousness that is used as a steppingstone from the 42+2 level to the next level, 46+2...These two additional chromosomes change everything.
Na minha forma de ver, não é para ser levado à letra. Prefiro abstrair-me da parte metafísica da teoria porque me causa sérias dúvidas.
Quanto à parte científica, ao que parece também é criticada tendo em conta que o incremento de material genético não significa necessariamente um organismo mais avançado. Inclusive há animais irracionais com mais cromossomas que os humanos por exemplo.
Então qual é o simbolismo de 46+2 na música? Julgo que o único propósito será o de ilustrar a ideia de progressão e, nesse sentido, funciona muito bem.
Existe depois uma outra ideia (e esta sim fascina-me bastante) que pega
num dos arquétipos de Carl Jung: a Sombra.
Em termos simples (precisamente porque não tenho conhecimentos académicos sobre o assunto, só o que li em vários sites sobre o autor e sobre Psicologia), a Sombra representa tudo o que receamos e desprezamos em nós, inconscientemente. Fraquezas, falhas, defeitos. Jung dizia que quanto mais em negação se estiver, mais densa e negra essa Sombra será.
A ideia que a sociedade nos passa que há certos sentimentos/atitudes demasiado negativos para existirem em nós, leva a essa repressão. O seu reconhecimento a um nível plenamente consciente é deveras difícil porque somos ensinados desde crianças que não é aceitável.
Escolher mergulhar na nossa própria negatividade e enfrentar os nossos maiores medos sobre quem somos ou ignorar essa parte porque é demasiado?
Todos temos escuridão em nós, não vale a pena questionar isso. Por melhores pessoas que queiramos ser, por mais tolerantes e abertos, há partes de nós difíceis de lidar. E não estou a falar de defeitos que reconhecemos com maior ou menor dificuldade, estou a falar de algo muito mais profundo. Reacções emocionais muito fortes a certas coisas ou pessoas, reacções viscerais e impulsivas. Reflexos do inconsciente por oposição a comportamentos intencionais.
O resultado de tudo isto é a forma como depois passamos esse tipo de atitudes para o mundo. Como reagimos em relação a certas situações... O mais interessante é que Jung defendia que essas tais reacções emocionais partem precisamente da nossa falha em reconhecer defeitos em nós mesmos. No fundo, reagimos a coisas que reflectem o que já existe em nós e fazemos isso de forma inconsciente. Não é fácil digerir isto porque estamos no fundo a criticar nos outros algo nosso também... Fazemos coisas nas nossas próprias costas:
De que serve então rejeitar a Sombra? Ela faz parte da nossa identidade, a única saída será reconhecê-la de forma consciente. Aceitar que faz parte de nós enquanto pessoas. Segundo Jung, dessa forma já não há a projecção da nossa Sombra nas coisas que nos rodeiam e mais importante, nas outras pessoas.
Obviamente que será um processo muito complicado e em toda esta ideia tenho dificuldade em perceber, concretamente, de que forma é que algo tão enterrado no subconsciente pode vir à superfície e como aceitar absolutamente tudo o que somos.
Honestamente, é assustador pensar em todas as implicações que traz mas ao mesmo tempo também é libertador imaginar que é possível viver com isso de uma forma consciente e consequentemente mais plena.
É precisamente disso tudo que fala a "Forty Six & 2".
Mesmo quem não concorde de todo com esta teoria de Carl Jung ou tenha dificuldade em percebê-la, consegue ficar com a ideia principal da música: tudo o que sirva para nos fazer evoluir, tudo o que nos faça sentir que existe essa possibilidade, é tudo válido. O que interessa é fazê-lo. Somos todos tábuas rasas quando nascemos, cabe-nos ir enchendo e preenchendo essa tábua ao longo da vida, o melhor que conseguirmos.
E o baixo desta música é qualquer coisa de fenomenal!...